Rita Valéria
Nogueira Ramos nasceu na cidade de Princesa Isabel em 1976 e já nasceu com a
deficiência nos pés que é considerado genético pés tortos congênito. Devido ter
nascido no interior numa cidade muito distante, por falta de recursos financeiros
e o SUS era precário os médicos decidiram engessar seus pés por quatro anos
pensando que assim resolveria o problema, depois o gesso foi retirado, mas não
se obteve um resultado positivo, pois os pés continuaram da mesma forma que
estavam antes de serem engessados. Surgiram várias oportunidades de fazer
cirurgia, eram marcadas, mas no dia marcado sempre faltava alguma coisa e
acabava não acontecendo e o tempo foi passando e a família não procurou mais
fazer a cirurgia.
As dificuldades
na infância surgiram quando iniciou os estudos porque as escolas na sua cidade
não eram preparadas para receber pessoas com deficiências nem os professores e
alunos. Valéria iniciou os estudos no segundo ano do ensino fundamental porque
as crianças mais novas tinham medo de ficar perto dela, por isso sua mãe teve
que pagar uma professora particular para alfabetiza-la em casa. Quando as aulas
começaram, ela sentava na última fileira encostada na parede porque nenhuma
criança queria ficar perto dela porque todos tinham medo e quando chegavam as
datas comemorativas como sete de setembro e São João ela queria muito
participar das atividades, mas os professores não conseguiam fazer com que os
alunos a aceitassem. Os dois primeiros anos na escola foram os mais difíceis e
mesmo no ensino médio ela sentia dificuldades em ir a escola por causa da
rejeição dos alunos e pelo fato da escola não estar preparada para recebê-la,
mas sua vontade de estudar era maior que as dificuldades e foi com sua
determinação que ela concluiu o ensino médio.
“eu fui estudar
porque eu realmente queria porque se fosse pela minha mãe eu teria ficado em
casa, porque ela tinha medo que o pessoal me chamasse de aleijada e ficar
zombando de mim e ela não queria isso”.
“lá no interior
as pessoas com deficiência são acostumados a ficar dentro de casa e ainda hoje
existem casos assim”.
Veio morar aqui
em João Pessoa para estudar administração de empresas numa faculdade particular
e começou a conhecer outros deficientes tanto na faculdade que estudava quanto
no seu primeiro trabalho que foi no
CELPA 102 onde tinha 135 pessoas com deficiências diferentes, onde foi aí que
ela começou a conhecer sobre seus direitos em relação por exemplo a trabalho em
empresas (onde 5% das vagas são destinadas a pessoas com deficiência), compras
de carros(com 30% de desconto e a habilitação é tirada com especificação para pessoa com deficiência,
podendo ter carro automático ou adaptado) e concursos.
Atualmente Valéria
é casada e tem dois filhos e trabalha como caixa no Banco do Brasil já faz dez
anos. E admite que não sente nenhuma dificuldade em relação a deficiência e que
é muito feliz.
“Atualmente não sinto dificuldade nenhuma em
relação à deficiência, mas a questão do preconceito infelizmente ainda existe,
as empresas destinam 5% para os deficientes, mas porque são obrigadas, porque
se não fosse assim não dariam oportunidades e hoje não tenho interesse nenhum
em fazer a cirurgia por conta da idade e porque os recursos aqui são muito
precários tanto particulares como pelo SUS, não tem pessoas especializadas em
cirurgia nos pés, já procurei vários médicos e dizem que pode até ser feita a
cirurgia, mas não sabem se continuarei andando, então para não piorar a
situação é melhor ficar do jeito que está”.
Autora: Luanna
da Silva Fonseca.
Revisão:
Larissa Ellen Pereira dos Santos.
Layout: Maria
Carolina Medeiros Trajano.